17 – Reforma Íntima









1 – Além da reforma íntima, característica de um processo evolutivo, é preciso também haver um crescimento pedagógico para ampliarmos a capacidade do saber interpretar, pensar, pesquisar, perguntar, refletir, filosofar, raciocinar e deduzir cada vez melhor, à luz de um conjunto de ciências já conquistadas. Quanto mais sabedoria aglutinarmos em nossas interpretações, mais próximos estaremos da verdade, já que muitos textos foram escritos de forma subjetiva, com enfoques da cultura da época, de maneira figurada e nem sempre no sentido literal das coisas.
2 – Quanto mais atrasada uma cultura maior será o número de inserções metafóricas em seus textos, caracterizando nitidamente o sentido mais doutrinário-educativo do que científico da obra. Se eu ler, por exemplo, que Deus é perfeito, justo e infinito em todas as suas qualidades, pelo raciocínio lógico, não poderei mais aceitar textos que promovam falhas, erros, privilégios, desprezos, injustiças, arrependimentos, conivências, testes, sadismos, castigos eternos, incestos, carnificinas, guerras, dificuldades ou emoções humanas na figura máxima de Deus Pai Todo Poderoso. A maior característica de um erro interpretativo, ou de indícios de adulteração literária, ou de ordem tradutória, é quando uma verdade torna-se incongruente perante outra verdade apresentada mais adiante. Frequentemente observamos diversos equívocos interpretativos cometidos até nos mais elevados degraus acadêmicos.
3 - Algumas autoridades, que julgam-se no direito de pensar pelo povo, consideram que muitos assuntos ou verdades não são de interesse público e, portanto, fazem vistas grossas a determinados eventos, fenômenos, revelações ou descobertas. Os motivos estratégicos para isso ocorrer seriam, entre outros: Manter a hegemonia, modo de controle de massas, medo do desconhecido, medo de perderem regalias, medo da reação imprevisível da população menos esclarecida, medo da queda do atual modelo sócio-econômico-político exploratório, motivos financeiros de toda espécie, comportamentos pseudo-filosóficos, vaidade intelectual, apego histórico ao passado, falta de evolução e raciocínio lógico insuficiente para comportar a noção de tamanhas revelações. Cada segmento possui o seu motivo. De qualquer modo, por sermos todos seres únicos e possuidores de estágios evolutivos diferenciados na população, nada mais justo e proveitoso que existam diversos níveis interpretativos, doutrinários, dogmáticos, ecumênicos e religiosos para satisfazer o gosto de todos. O mais importante é nos tornarmos seres humanos cada vez melhores, não importando o apelo ou a origem que motivou essa evolução e essa reforma íntima, desde que seja sempre para melhor e para o bem.
4 – Estamos cada vez mais atolados, aqui na Terra, numa gigantesca crise de valor. Uma crise dupla de valor. Quanto mais o valor econômico sobe mais o valor moral desce. Inacreditavelmente, as pessoas simplesmente recusam-se a crer que são as próprias responsáveis por seus destinos. Agem como se ignorassem que as futuras páginas de suas vidas estão sendo escritas no presente por suas próprias mãos. A indiferença da maioria frente a quadros terríveis de dor, fome e doenças, é alarmante. Milhares de pessoas morrem todos os anos vítimas da falta de compaixão e solidariedade. Visando o lucro a qualquer preço, toneladas de alimentos cancerígenos são despejados nos mercados diariamente sem nenhuma crise de consciência para produtores e vendedores. Estamos vivenciando uma época em que são necessários conhecimentos científicos apenas para irmos ao mercado comprar alimentos.
5 – Os avisos estão chegando. Avisos de que o Universo jamais aceitará que uma civilização de baixos valores morais progrida e se espalhe pelo cosmos. Fenômenos sísmicos variados assolam o planeta na tentativa de acordar a humanidade para a solidariedade e novos modelos de cultura social. Armamentos de destruição em massa são construídos e testados para a garantia da paz. Tais paradoxos estão com seus dias contados e a reforma íntima será a verdadeira arma que irá combater com bravura as chagas deixadas por nós mesmos de herança para a sociedade. 



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