1 – A humanidade, com
raríssimas exceções, preocupa-se menos com o ser e mais com o ter. Ter, requer
menos virtudes, menos esforço moral, combina com o estágio inferior evolutivo
que nos encontramos. Ser, exige mais dedicação, solicita aprimoramento, envolve
empenho, mudança de atitudes e de caminho. No segundo caso, observamos
indivíduos de raro caráter que estão mais preocupados com a visão de Deus do
que com a opinião das pessoas ou com a satisfação do seu próprio impulso de
conforto, inércia e prazer material.
2 – Em cinco minutos
pode-se compreender a essência da palavra de Jesus, para rapidamente já pô-la
em prática para a eternidade: Amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao
semelhante como a si mesmo. O que observamos na maioria que se diz religiosa é
exatamente o oposto da correta aplicabilidade dessa intrigante situação. A
imensa maioria debruça-se por anos a fio sobre o estudo dos aspectos
filosóficos de cada vírgula, cada palavrinha, cada semântica da Lei Divina e
dedica apenas cinco minutos ao próximo. Tal atitude apresenta-se revestida de
interesses pessoais e financeiros, de vaidade, de egoísmo, de inércia, de
conforto e de uma falsa e lastimável sensação de domínio. Mais importante que o
ter é o ser e mais importante que o apenas saber é o saber fazer. Einstein
dizia que imaginar é mais importante que saber, pois o conhecimento é limitado
e a imaginação abraça o Universo. Obviamente, o equilíbrio, como em tudo na
vida, deveria ser o aplicável. Deveríamos trabalhar a mente, o corpo, o
espírito, a saúde, a alimentação saudável e as boas ações com igual dedicação.
Mas esse sentimento de desenvolvimento em múltiplas direções, como ocorre em
outras dimensões, ainda é muito raro na Terra. Já é muito complicado
encontrarmos quem queira desenvolver-se em um ou dois sentidos. O ideal seria o
fortalecimento de múltiplas virtudes, pois certamente já haveria a conquista de
um grande salto evolutivo na ordem de uma, duas ou três encarnações.
3 – O primeiro caso é
análogo ao seguinte raciocínio: Seria o mesmo que chegarmos em nossas casas e encontrarmos
nossos filhos decorando frases do que precisam fazer, de que devem, por
exemplo, tomar banho todos os dias, mas não estão tomando para ficarem lendo
tais normas por mais tempo; de que devem
manter seus quartos limpos e organizados, mas não estão limpando; que precisam
ir à escola e tirar boas notas, mas não foram, para ficarem em casa decorando
as regras; de que precisam ser educados, obedientes, gentis, responsáveis e que
necessitam possuir bons hábitos alimentares e que precisam praticar algum
esporte, mas estão isolados em seus quartos decorando a lista doméstica de
tarefas. É exatamente assim que somos vistos por nosso Pai Celestial, como
filhos que dedicam todo seu tempo à teoria, por motivos questionáveis, mas que
de prática enobrecedora e forjadora de caráter, há muito pouco sendo
desenvolvido. Somos filhos que tiram nota 7, 8 ou 9 em teoria, mas 0, 1 ou, no
máximo 2 em aula prática. E, por outro raciocínio lógico, se somos repetentes
em aula prática e se a teoria nos manda executar inúmeros ensinamentos,
provavelmente, nem na teoria teríamos compreendido a verdadeira mensagem e nem
estaríamos assim tão bem conceituados.
4 – Saber e não fazer o
bem aumenta a responsabilidade e a dívida moral de quem sabe. Por isso que
muitos optam por segmentos religiosos que exigem menos sacrifícios pessoais e
prometem mais recompensas materiais. Fazer sem saber e mesmo assim fazer,
aumenta o número de créditos morais para quem pratica. Saber e fazer, além de
estar dentro do ideal, de promover um fazer de maior qualidade, fornece
créditos morais, vibração em comunhão direta com planos mais elevados, assistência
psíquica e energética em tempo integral, devido ao campo eletromagnético
favorável que se cria. A virtude dos dias de hoje chama-se aprimoramento
intelectual, mas o seu vício e o apego somente à parte teórica denomina-se
indiferença moral.
5 – Quem não esforça-se
na virtude do saber e do fazer, promove, no amanhã, o alimento aos porões do inconsciente
com os venenos cultivados, no ontem, pelo consciente. Nesse sistema podemos
reparar que não basta culpar o inconsciente pelo que não é correto, pois hoje
possuímos a indicação de que tais problemas psicossomáticos tiveram sua origem
no consciente mal treinado e mal educado antes de virarem arquivos de depósitos
de lixo tóxico. A sociedade estimula o comportamento material e desviado dos
ideais e salutares padrões encontrados em planos mais elevados e afastados do
apego às aparências. Sendo assim, concluímos que os vícios, como também as
virtudes, possuem a mesma força sistemática de reprodução automática. Irá
depender de cada um a força, a alimentação, o estímulo e a busca que cada um
efetuar, conscientemente, na realização de um ou outro lado da moeda, antes que
esse lado tome forma e vida própria no mundo do inconsciente.
6 – Uma fé sem a boa
prática das obras é uma fé anestesiada, para não dizer até, nessas ocasiões,
morta. Quanto mais resquícios egoístas encontrarmos nas manifestações do nosso
inconsciente, mais fomos e somos adeptos do menor esforço e solicitantes
insaciáveis de regalias e privilégios. O plano superior orienta que as almas
evoluem em dois caminhos independentes: Raciocínio e sentimento. Bom seria se
conquistássemos a construção simultânea de ambos, mas não é o que observamos na
prática. Muitas mentes privilegiadas tornam-se egocêntricas ao extremo porque
não desenvolveram a outra metade da espiritualidade, o sentimento. O anjo de uma única asa não desenvolve seu voo. Se Maomé não
vai à montanha, a montanha vem a Maomé. Já que os homens são relutantes em ir ao
encontro de Jesus, Jesus vem aos homens para lhes trazer o mapa de um tesouro
chamado felicidade plena e evolução moral. Saibamos, ao menos, entender corretamente
e honrar esse esforço feito com tanto amor, humildade e dedicação de alguém que
deixou-se abater covardemente para mostrar o caminho do amor, do bem, da
verdadeira fé, da visão de um futuro de glórias aos bons de coração e para nos
agraciar com o exemplo maior de suas virtudes.


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