21 – Virtudes









1 – A humanidade, com raríssimas exceções, preocupa-se menos com o ser e mais com o ter. Ter, requer menos virtudes, menos esforço moral, combina com o estágio inferior evolutivo que nos encontramos. Ser, exige mais dedicação, solicita aprimoramento, envolve empenho, mudança de atitudes e de caminho. No segundo caso, observamos indivíduos de raro caráter que estão mais preocupados com a visão de Deus do que com a opinião das pessoas ou com a satisfação do seu próprio impulso de conforto, inércia e prazer material.

2 – Em cinco minutos pode-se compreender a essência da palavra de Jesus, para rapidamente já pô-la em prática para a eternidade: Amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao semelhante como a si mesmo. O que observamos na maioria que se diz religiosa é exatamente o oposto da correta aplicabilidade dessa intrigante situação. A imensa maioria debruça-se por anos a fio sobre o estudo dos aspectos filosóficos de cada vírgula, cada palavrinha, cada semântica da Lei Divina e dedica apenas cinco minutos ao próximo. Tal atitude apresenta-se revestida de interesses pessoais e financeiros, de vaidade, de egoísmo, de inércia, de conforto e de uma falsa e lastimável sensação de domínio. Mais importante que o ter é o ser e mais importante que o apenas saber é o saber fazer. Einstein dizia que imaginar é mais importante que saber, pois o conhecimento é limitado e a imaginação abraça o Universo. Obviamente, o equilíbrio, como em tudo na vida, deveria ser o aplicável. Deveríamos trabalhar a mente, o corpo, o espírito, a saúde, a alimentação saudável e as boas ações com igual dedicação. Mas esse sentimento de desenvolvimento em múltiplas direções, como ocorre em outras dimensões, ainda é muito raro na Terra. Já é muito complicado encontrarmos quem queira desenvolver-se em um ou dois sentidos. O ideal seria o fortalecimento de múltiplas virtudes, pois certamente já haveria a conquista de um grande salto evolutivo na ordem de uma, duas ou três encarnações.

3 – O primeiro caso é análogo ao seguinte raciocínio: Seria o mesmo que chegarmos em nossas casas e encontrarmos nossos filhos decorando frases do que precisam fazer, de que devem, por exemplo, tomar banho todos os dias, mas não estão tomando para ficarem lendo tais normas por mais tempo;  de que devem manter seus quartos limpos e organizados, mas não estão limpando; que precisam ir à escola e tirar boas notas, mas não foram, para ficarem em casa decorando as regras; de que precisam ser educados, obedientes, gentis, responsáveis e que necessitam possuir bons hábitos alimentares e que precisam praticar algum esporte, mas estão isolados em seus quartos decorando a lista doméstica de tarefas. É exatamente assim que somos vistos por nosso Pai Celestial, como filhos que dedicam todo seu tempo à teoria, por motivos questionáveis, mas que de prática enobrecedora e forjadora de caráter, há muito pouco sendo desenvolvido. Somos filhos que tiram nota 7, 8 ou 9 em teoria, mas 0, 1 ou, no máximo 2 em aula prática. E, por outro raciocínio lógico, se somos repetentes em aula prática e se a teoria nos manda executar inúmeros ensinamentos, provavelmente, nem na teoria teríamos compreendido a verdadeira mensagem e nem estaríamos assim tão bem conceituados.

4 – Saber e não fazer o bem aumenta a responsabilidade e a dívida moral de quem sabe. Por isso que muitos optam por segmentos religiosos que exigem menos sacrifícios pessoais e prometem mais recompensas materiais. Fazer sem saber e mesmo assim fazer, aumenta o número de créditos morais para quem pratica. Saber e fazer, além de estar dentro do ideal, de promover um fazer de maior qualidade, fornece créditos morais, vibração em comunhão direta com planos mais elevados, assistência psíquica e energética em tempo integral, devido ao campo eletromagnético favorável que se cria. A virtude dos dias de hoje chama-se aprimoramento intelectual, mas o seu vício e o apego somente à parte teórica denomina-se indiferença moral.

5 – Quem não esforça-se na virtude do saber e do fazer, promove, no amanhã, o alimento aos porões do inconsciente com os venenos cultivados, no ontem, pelo consciente. Nesse sistema podemos reparar que não basta culpar o inconsciente pelo que não é correto, pois hoje possuímos a indicação de que tais problemas psicossomáticos tiveram sua origem no consciente mal treinado e mal educado antes de virarem arquivos de depósitos de lixo tóxico. A sociedade estimula o comportamento material e desviado dos ideais e salutares padrões encontrados em planos mais elevados e afastados do apego às aparências. Sendo assim, concluímos que os vícios, como também as virtudes, possuem a mesma força sistemática de reprodução automática. Irá depender de cada um a força, a alimentação, o estímulo e a busca que cada um efetuar, conscientemente, na realização de um ou outro lado da moeda, antes que esse lado tome forma e vida própria no mundo do inconsciente.

6 – Uma fé sem a boa prática das obras é uma fé anestesiada, para não dizer até, nessas ocasiões, morta. Quanto mais resquícios egoístas encontrarmos nas manifestações do nosso inconsciente, mais fomos e somos adeptos do menor esforço e solicitantes insaciáveis de regalias e privilégios. O plano superior orienta que as almas evoluem em dois caminhos independentes: Raciocínio e sentimento. Bom seria se conquistássemos a construção simultânea de ambos, mas não é o que observamos na prática. Muitas mentes privilegiadas tornam-se egocêntricas ao extremo porque não desenvolveram a outra metade da espiritualidade, o sentimento. O anjo de uma única asa não desenvolve seu voo. Se Maomé não vai à montanha, a montanha vem a Maomé. Já que os homens são relutantes em ir ao encontro de Jesus, Jesus vem aos homens para lhes trazer o mapa de um tesouro chamado felicidade plena e evolução moral. Saibamos, ao menos, entender corretamente e honrar esse esforço feito com tanto amor, humildade e dedicação de alguém que deixou-se abater covardemente para mostrar o caminho do amor, do bem, da verdadeira fé, da visão de um futuro de glórias aos bons de coração e para nos agraciar com o exemplo maior de suas virtudes.



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