45 – A CIÊNCIA DO FUTURO









1 – Religião, valores morais, espiritualidade superior, física, astronomia, biologia, química, matemática, ciência, fé, filosofia, psicologia espiritual e fraternidade, um dia serão partes de um mesmo processo científico adotado por uma sociedade mais evoluída e harmoniosa. O princípio científico é algo complexo, de difícil assimilação pela sociedade. Quando uma população compreende, executa ou já cogita sobre alguns elementos científicos, provavelmente estes aspectos científicos já estejam ultrapassados ou já foram substituídos por outros ainda mais complexos, inovadores e revolucionários. A realidade do dia a dia das pessoas evolui muito lentamente e, por este motivo, a ciência aplicada ao cotidiano das populações encontra-se em alta escala de defasagem frente aos mais modernos conceitos científicos em andamento. Muitas vezes observamos algumas pessoas usando pequenos exemplos científicos ultrapassados para tentarem anular alguns aspectos religiosos ou teorias mais elaborados a respeito da evolução da espiritualidade como meta para o bem da sociedade.

2 – Para possuirmos um pequeno entendimento real de ciência, precisamos entender primeiro de filosofia. Após entendermos sobre filosofia, necessitamos estudar a filosofia da ciência, para, então, podermos percorrer, aos poucos, o real caminho do mundo da ciência. Muitos praticantes da própria ciência, por variados motivos e até profissionais, ingressam rapidamente no mercado de trabalho sem possuírem a devida base filosófica sobre ciência, o que os impede de refletir, de possuir respaldo para muitas vertentes e de meditar sobre princípios valiosos e esclarecedores. O primeiro passo, para compreender ciência, é saber orientar o raciocínio para além da observação, diferente de como era praticado, antigamente, nos cursos acadêmicos. Aqui já começa a inovação a partir do ponto básico que infere que não é só observando que se irá iniciar ciência, pois você pode olhar para a areia e ela nunca irá lhe dizer o que é ciência. Muitas vezes, só observar não basta e não é ciência ainda. Apenas observar, pertence a uma camada superficial do conhecimento que muitos pensam ser o início da ciência, mas nem sempre, em todos os casos, o é.

3 – Um exemplo dos mais clássicos do que seja uma pequena amostra do real significado da filosofia da ciência, está contido nos pensamentos de um grande mestre da pesquisa-reflexiva-filosófica-científica chamado Immanuel Kant:
- Conquanto todo nosso conhecimento principie com a experiência, nem por isso deriva, todo ele, da experiência mesma;
- Há fundamentos no conceito científico humano que transcendem a experiência puramente;
- Sem a sensibilidade, nenhum objeto nos seria dado, e, sem o entendimento, nenhum seria pensado;
- Pensamentos sem conteúdos são vazios, intuições sem conceitos são cegas;
- A parte do pensamento humano proveniente da área da filosofia é que faz toda a diferença no momento de se definir, por exemplo, que de nada adianta contemplar a areia se a areia não criar em minha mente um conceito a ser explorado e, futuramente, compreendido e justificado;
- Não é somente o objeto capaz de construir conhecimento, o homem, com seu filosofar também participa e, muitas vezes, dá a partida;
- Criador da Teoria dos Juízos Sintéticos A Priori: Independe da experiência;
- Criador das Categorias: Dados do entendimento trabalhado, independente da experiência, como óculos irremovíveis, onde participam as quatro funções de quantidade, qualidade, relação e modalidade;
- A ausência do objeto, no tempo-espaço, não mais é significado que impera como bloqueio para, mesmo que em qualquer fase da humanidade, ser impedido de análise do pensamento, pois que o pressuposto básico da razão transcende a situação apresentada;
- Idealismo 1: O objeto, tal qual o conhecemos, é, em parte, também obra nossa;
- Idealismo 2: A importância primordial da filosofia;
- Idealismo 3: Na ausência da ferramenta filosófica, por melhor método que se empregue, a conclusão científica flutua a mercê da arbitrariedade.

4 – Hegel, mais tarde, estarrece a comunidade científica ao declarar que a Filosofia é o tribunal da Ciência. Mais tarde, Einstein também provocaria reações bizarras na comunidade científica ao ser interpelado, com referências à sua genial Teoria da Relatividade, onde e com qual laboratório ele teria comprovado seus estudos, ao que Einstein imediatamente aponta para a caneta no seu bolso e para sua testa. Outra preciosa contribuição veio de Heisenberg, com seu genial princípio das incertezas, quando estudava microfísica: A observação da interferência dos instrumentos na medição de objetos e que as concepções clássicas de medidas em objetos deveriam ser abandonadas.

5 – Recentemente temos Bohr, com seu princípio da complementaridade, em física quântica, onde micropartículas ora comportavam-se como ondas, ora comportavam-se como corpúsculos. Quanto mais se penetrava na microfísica mais espantados ficavam os céticos cientistas ao perceberem aberrações comprovadas como o comportamento de dualidade da matéria. Com o auxílio e aprimoramento dos estudos do Universo e da Microfísica, muitos paradigmas foram, pouco a pouco, caindo por terra. A matéria tornou-se algo muito mais instável e estranhamente misteriosa. A ciência descobriu, com esta gama de novos conceitos, que ela é falha e que sempre chegará a um ponto onde não haverá a explicação objetiva.

6 – A ciência já passou por vários campos do pensar: Realismo, Idealismo e Construtivismo. Popper define que a ciência perdeu seu autoritarismo e deixou de ser a dona da verdade absoluta. Chegou-se à conclusão de que a ciência elabora teorias e experimentos para apenas refutar inverdades e não mais para comprovar uma única a absoluta certeza. Também passou-se a compreender que as teorias científicas caminham de 3 formas insatisfatórias: Ou elas remetem o início ao infinito, ou elas andam em círculos, ou elas esbarram em um dogma. Os cientistas de vanguarda descobriram que os próprios cientistas tornaram-se mais dogmáticos do que muitos religiosos. Uma luz no fim do túnel começa a surgir. Por consequência filosófica, descobriu-se que nem a ciência e nem a religião são, por essência, dogmáticos, mas sim o próprio homem é que é um ser dogmático e transforma em dogma tudo que toca e se apodera.

7 – O conceito de incomensurabilidade, resumidamente, diz que, do atual paradigma científico, é impossível, ou seja, é incomensurável sequer vislumbrar qual será o paradigma científico seguinte no futuro próximo. Avançando mais um pouco, chegou-se à Hermenêutica, que afirma que as teorias de Popper e outras mais derrubam a si mesmas pelos seus próprios princípios, isto é, que nada mais é absoluto, por mais material que possa parecer. Neutralidade é um valor, portanto não há ciência neutra. Os mitos da ciência estão todos em queda livre vertiginosa. O positivismo não mais tem o total domínio da matéria. O objetivismo foi derrubado pela microfísica. A metodologia única despencou com o crescimento de outras áreas do saber e cada qual com seu respectivo método filosófico-científico. A cada nova descoberta também descobre-se um novo método de análise. Não se pode analisar um evento novo com método antigo ou de outra área, assim como não se pode estudar eventos antigos com métodos oriundos de novas descobertas ou de outras áreas.

8 – A Neutralidade caiu com a definição de não existir um não valor quando se fala em pensamento humano. O domínio da verdade absoluta também desaba com as proposições acima apresentadas. A pergunta que fica é: Em que fase da linha da vida científica nos encontramos atualmente e para onde ela aponta? Atualmente estamos no período da Science Wars, ou Guerra das Ciências. Estamos vivendo um período de grande avanço intelectual que possibilita ações onde a própria ciência está se derrubando a cada minuto. Estamos vivenciando o período do quanto mais eu sei, mais eu sei que nada sei. As diferentes escolas científicas estão tentando uma anular a outra e isso acaba gerando ainda mais ciência por si só. Após todas estas escolas científico-filosóficas citadas resumidamente, o fato estarrecedor que surge é que a sociedade ainda engatinha pelos modelos científicos do positivismo, como citado anteriormente, quando nos referíamos à imensa defasagem do conceito científico que a sociedade utiliza para explicar as coisas.

9 – Agora vamos examinar o que Kardec escreveu em 1867: “No tocante às coisas evidentes, a opinião dos sábios é justamente digna de fé, porque eles as conhecem mais e melhor que o vulgo. Mas no tocante a princípios novos, a coisas desconhecidas, a sua maneira de ver não é mais do que hipotética, porque eles não são mais livres de preconceitos que os outros. Direi mesmo que o sábio terá, talvez, mais preconceitos que qualquer outro, pois uma propensão natural o leva a tudo subordinar ao ponto de vista de sua especialidade: o matemático não vê nenhuma espécie de prova senão através de uma demonstração algébrica; o químico relaciona tudo com a ação dos elementos; e assim por diante. Todo homem que se dedica a uma especialidade escraviza a ela as suas ideias.” Allan Kardec. Livro “O livro dos espíritos”.

10 – Mais um trecho de Kardec: “As ciências ordinárias assentam nas propriedades da matéria, que se pode experimentar e manipular livremente; os fenômenos espíritas repousam na ação de inteligências dotadas de vontade própria e que nos provam a cada instante não se acharem subordinadas aos nossos caprichos.(...) Querer submetê-las aos processos comuns de investigação é estabelecer analogias que não existem. A Ciência, propriamente dita, é, pois, como ciência, incompetente para se pronunciar na questão do Espiritismo(...)”. Fenômenos que envolvem seres não podem ser repetidos em laboratório e escapam à total compreensão e ao amplo domínio por envolverem inúmeras variáveis que o cientista não controla ou nem sequer conhece. Se você ligar para alguém em Portugal e essa pessoa atender, o experimento dirá que naquela hora tem alguém em Portugal ou que tem alguém em Portugal, naquela casa, naquela hora. Se você ligar outro dia e a pessoa não atender o inverso não poderá ser aplicado. Será uma inverdade se o experimento disser que naquele dia não tem ninguém em Portugal, ou que naquele dia, em Portugal, naquela casa, não tem ninguém. Não se pode estudar um fenômeno novo com conceitos de outros fenômenos antigos. Como medir o volume de um tonel utilizando um cronômetro? 



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